Depois de John Draper e dos seus inspirados assobios electrónicos terem ganho uma grande audiência, houve uma grande mudança na computação e os hackers gozaram uma espécie de época de ouro nos anos 80. A sociedade começou a ter consciência da existência de hackers à medida que os computadores se tornaram cada vez mais acessíveis e as redes cresceram tanto em tamanho (número de terminais) como em popularidade (número de utilizadores) durante o final dos anos setenta e início dos anos oitenta.
Durante os anos 80, a população de hackers provavelmente subiu 1.000 vezes e há três acontecimentos que contribuíram de forma decisiva para esse facto. Os computadores pessoais e os seus clones foram colocados à disposição do público a preços baratos. As pessoas podiam agora dar-se ao luxo de comprar um terminal e configurar uma BBS. E onde se encontra uma BBS, encontram-se hackers.
O filme WarGames filme retrata a existência do hacking e o potencial poder associado a esta actividade. Em WarGames o hacking é exibido como algo glamoroso e aparentemente fácil. O filme lança uma luz sobre a face oculta do hacking e introduz o público em geral ao fenómeno. Isto cria um grau de paranoia generalizada com a ameaça de hackers entrarem em qualquer sistema de computador e lançarem mísseis nucleares. No entanto, para o vasto público adolescente o filme transmite uma mensagem diferente. É implícito que os hackers conseguem garotas. Garotas bonitas...
Quase ao mesmo tempo, dois livros tiveram um grande impacto na cultura popular: Cyberpunk, por Bruce Bethke, e Neuromancer, de William Gibson. A combinação dos factores acima mencionados catapultou a cultura hacker para as primeiras páginas dos principais meios de comunicação.
No final dos anos 80, o PC de casa tornou-se mais prevalente, mas as grandes empresas ainda dominavam o mercado da tecnologia. No entanto, os computadores já não estavam limitados a ser coisas de amadores entusiastas e utilizadores empresariais, qualquer pessoa, incluindo os hackers e os que aspiram a sê-lo, podiam adquirir um computador para os seus próprios fins. Os modems, que permitiam que os computadores comunicassem uns com os outros através de linhas telefónicas, também foram mais amplamente disponibilizados alargando significativamente o alcance dos hackers.
Enquanto os phreakers ainda estavam a soprar os apitos nos receptores de telefone, um novo tipo de delinquente surgiu: o cracker. Este termo, disputado até hoje, refere-se a um hacker criminoso que usa as suas habilidades com intenções criminosas muito além da simples exploração de sistemas de computador. Esta nova raça de hackers, dirigiu o seu conhecimento e tenacidade para actividades claramente criminosas, incluindo a distribuição de software pirata comercial, jogos, e os vírus e worms que poderiam praticamente fechar sistemas. Clubes de hackers e crackers cresceram em popularidade tornando-se nada menos do que uma epidemia e, em 1986, o governo dos EUA tentou combater o problema aprovando passando o Computer Fraud and Abuse Act.
Marcos Históricos:
1980
Steve Bellovin, Tom Truscott e Jim Ellis desenvolvem e instalam a USENET para a arquitectura UNIX para UNIX Copy (UUCP). A USENET assemelha-se a um sistema de BBS, mas há uma grande diferença: a ausência de um servidor central e administrador dedicado. Assim, a USENET é uma rede descentralizada de notícias distribuídas entre muitos servidores que armazenam e encaminham mensagens uns para os outros.
1981
Um grupo alemão de entusiastas da computação com uma forte orientação política cria o Chaos Computer Club (CCC), em Hamburgo.